As relações sociais, em geral, são pautadas por interesses ou atividades em comum, que aproximam as pessoas, fazendo com que os laços de afinidade e convivência se construam. No universo infantojuvenil não é diferente.
Na escola, local onde as crianças/jovens passam boa parte do tempo e a convivência se intensifica como em nenhum outro lugar, as crianças/jovens se aproximam daquelas que nutrem o mesmo gosto por determinadas coisas, como esportes, personagens ou brincadeiras, ou tenham um comportamento semelhante ao seu.
No entanto, é comum vermos nas escolas crianças/jovens isolados pelos colegas. O isolamento entre eles acontece normalmente por conta das diferenças. Em geral, as crianças não têm maturidade para entender e aceitar as diferenças e por isso excluem e rejeitam quem é diferente.
A escola está atenta a esse movimento e cria situações, trabalhos e dinâmicas em que esse comportamento de exclusão possa ser refletido, debatido e afastado, propondo às crianças/jovens diferentes maneiras de lidar com isso.
A criança/jovem que exclui precisa ser ouvida para podermos identificar o porquê faz isso, e diante de seu relato, dialogarmos com a família para que nos ajude quanto a esse comportamento, pois algumas vezes o próprio ambiente familiar tem suas implicações.
Essa exclusão pode influenciar diretamente no estado emocional da criança/jovem e trazer consequências prejudiciais para o seu desenvolvimento, por isso, é fundamental que os pais estejam atentos e auxiliem a criança/jovem que passa por esse problema. Como? Fortalecendo seu filho para que não se acanhe e busque a ajuda de alguém que pode auxiliá-lo, como seu professor, um colega ou alguém de sua coordenação com quem se sinta próximo.
Às vezes, algumas situações, se analisadas de perto, não são de exclusão, mas o temperamento tímido e de sempre querer ser convidada para estar com as outras, sem uma atitude de iniciativa por parte dela, pode ocasionar um afastamento. Amizade é uma via de mão dupla, cada um tem que fazer a sua parte, inclusive brincar do que não gosta de vez em quando, na tentativa de estar num grupo.
Quais sinais meu filho pode apresentar se ele for excluído?
Identificar se uma criança/jovem está passando por essa situação ajuda a prevenir consequências no futuro. As atitudes mais frequentes nas crianças/jovens excluídos costumam ser:
Diante de qualquer comportamento acima, os pais devem comunicar à escola para poder auxiliá-los no enfrentamento da situação.
Dicas para ajudar uma criança/jovem que se sente rejeitado:
Incentive a não ir atrás de ninguém:
É importante estimular a independência e o amor-próprio da criança/jovem, explicando que se um amigo ou colega a deixou de lado e não quer a sua companhia, ela não tem que continuar a tentar agradá-lo ou ser sua amiga.
Se um grupo de colegas não a aceita como ela é, não adianta oferecer a sua amizade porque certamente há outras crianças, com gostos parecidos e com quem ela poderá se sentir bem.
Comunicação e empatia com os sentimentos das crianças/jovens:
É fundamental que os pais tenham uma escuta ativa, conversem com as crianças e busquem entender como elas se sentem em relação às pessoas e à escola, sempre com empatia e respeito pelos sentimentos expressados.
Tente entender o motivo da rejeição em conjunto com a criança/jovem:
Também é importante saber o motivo da rejeição. Às vezes, há crianças/jovens com um comportamento negativo ou agressivo, e é por isso que outras se afastam. Como, por exemplo, se perder em um jogo, fica com raiva, se você não faz o que ela quer, se responde mal, etc. Portanto, é importante descobrir a razão para que a criança/jovem perceba o que está acontecendo e dar a ela as habilidades necessárias para resolver.
Trabalhe as habilidades sociais:
Muitas vezes, as crianças/jovens não sabem como se relacionar com os outros. Elas ficam com vergonha de iniciar conversas com outras ou talvez não saibam como fazer isso.
Por isso, é importante trabalhar com elas as diferentes habilidades sociais que nos auxiliam a nos relacionar, principalmente em situações mais difíceis, como, por exemplo, quando é necessário resolver conflitos, além de explicar a importância da assertividade, do autocontrole, etc.
Aumente o ciclo social:
Matricular a criança/jovem em um esporte coletivo ou outro tipo de atividade extracurricular também pode ajudá-la a desenvolver a socialização e encontrar colegas que tenham gostos semelhantes aos seus.
Fortaleça a autoestima de quem se sente rejeitado:
Quando uma criança/jovem é rejeitada, em primeiro lugar, é a sua autoestima que sai prejudicada. Ela se sente inferior e se compara com os demais. Por isso, é fundamental trabalhar para fortalecer esse aspecto.
Devemos conversar com ela e tentar minimizar o sentimento de rejeição, explicando que não está sozinha, tem a sua família e que sempre poderá fazer novos amigos.
Busque ajuda profissional:
Introduzir a criança/jovem à psicoterapia pode ser importante para estimulá-la a falar dos seus sentimentos e da vivência no ambiente escolar, por isso, o apoio do psicólogo pode ser uma alternativa para lidar com esse momento de vida.
Texto da psiquiatra Luciana Scomparini adaptado pelo Setor de Psicologia Escolar.